Vasco x Elite

Até as primeiras décadas do século XX, o futebol era praticado somente pela elite. Aos poucos, a modalidade extrapolou os muros dos clubes de ricos e ganhou a periferia, o morro e o moleque. Não sem conflitos. A princípio, as principais equipes cariocas da Zona Sul não aceitavam mestiços e negros. Toleravam, no máximo, pobres, desde que fossem brancos. Na década de 10, o mulato Carlos Alberto saiu do América para atuar no Fluminense, um dos clubes mais racistas da época. Para se "embranquecer", o atleta decidiu passar pó-de-arroz no rosto. No meio da partida, o sol infernal e o suor fizeram com que a farsa fosse notada. A torcida adversária não perdoou e, em coro, debochou: "Pó de arroz! Pó de arroz!", apelido pelo qual o tricolor carioca é até hoje tratado.
 
Os torcedores vascaínos que tem mais idade sabem do que estou falando. No início do século XX (até o Vasco construir SJ), nas décadas de 60 e 70 e nos últimos 10 anos (desde que a Rede FlaGlobo comprou o futebol brasileiro), acho que foram os piores anos. Caros irmãos vascaínos, o Vasco nestas décadas foi garfado de forma vil e contumaz, era uma covardia inominável com um time de origem popular, garfado e roubado escancaradamente pelos dois times elitistas. Para ficarmos num passado mais recente, décadas de 60 e 70, qual vascaíno dessa época não se lembra que o Vasco perdia tudo no tapetão e era roubado nas arbitragens e se fosse recorrer aos tribunais, só levava fumo. Quem não se lembra das figuras que manipulavam as arbitragens, julgamentos e a Federação Carioca: Laport, José Carlos Vilela(Rei do Tapetão), Francisco Horta. Eles, os irmãos siameses, não aceitavam a ideia de um time constituído na sua maioria por comerciantes portugueses, uma gente simples com pouco estudo que veio para o Brasil para trabalhar com afinco, pudesse vencer os times aristocráticos. Aristocracia constituída por Banqueiros, donos de Cartórios, Desembargadores, Juízes, Promotores, Advogados famosos, Funcionários Públicos de alto escalão, famílias tradicionais e riquíssimas como os Guinle, donos do establishment. Para vocês terem uma ideia, o Presidente da Federação Carioca era o grande advogado e tricolor Otávio Pinto Guimarães. Portanto, o Tapetão, a comissão de arbitragem e a Federação eram dominados pelos advogados e juízes da dupla feita do mesmo barro, não esqueçamos que o Flamengo nasceu de uma dissidência da aristocracia (família Guinle e outros) que comandava o Fluminense. Pra não fugir à regra, amigos, o Vasco foi roubado descaradamente de novo, agora no Campeonato Carioca de 2009, no caso Jefferson (por desencontro de informações entre a Federação carioca e a CBF sobre a condição de jogo do jogador, que era regular, rendeu a punição de perda de 6 pontos e consequentemente eliminação da equipe vascaína). Portanto, pra nós vascaínos, esta história é antiga. A roubalheira vai continuar.

"Presidente, fundador do Pó de Arroz, de origem suíça; Oscar Cox é o símbolo da aristocrática juventude de 1902. Seu nobre e inesquecível exemplo de perseverança tornou possível a existência da grande legenda chamada Fluminense" (site do Fluminense). 

Presidente da alta aristocracia carioca e Presidente do Pó de Arroz...

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